Rolha pedagógica

Davi e Natã, autor não identificado
Autor desconhecido.

Um Supervisor visitou uma escola fundamental. 
Em seu trajeto observou algo que lhe chamou a atenção: Uma professora estava entrincheirada atrás de seu escritório, os alunos faziam a maior bagunça; o quadro era caótico. Decidiu, então, se apresentar: 
– Com licença, sou o Supervisor... Algum problema?
– Estou completamente perdida senhor, não sei o quê fazer com estas crianças... Não tenho lâminas de apresentações, não tenho livros, o ministério não envia sequer o mínimo material didático, não tenho recursos eletrônicos, não tenho nada novo para lhes mostrar, nem o quê lhes dizer!  

O Supervisor,  que era um docente de alma, viu uma rolha sobre o escritório, a tomou, e com serenidade oriental falou com as crianças:
– Alguém sabe o que é isto?
– Uma rolha! - gritaram os alunos surpresos.
– Muito bem. E de onde vem a rolha?
– Da garrafa. Uma máquina a coloca. De uma árvore. Da cortiça. Da madeira, respondiam as crianças animadas.
– E o que dá para fazer com madeira? – continuava entusiasta o docente.
– Cadeiras. Uma mesa. Um barco!   
– Muito bem, Então teremos um barco. Quem se anima a desenhá-lo? Quem faz um mapa na lousa e indica o porto mais próximo para o nosso barquinho? Escrevam a qual Estado brasileiro corresponde. E qual é o outro porto mais próximo que não é brasileiro? A qual país corresponde? Alguém lembra que personagens famosos nasceram ali? Alguém lembra o que produz esse país? Por acaso, alguém conhece alguma canção desse lugar? 

E assim, começou uma aula variadíssima de desenho, geografia, história, economia, música, etc. A professora ficou muito impressionada. Quando a aula terminou, comovida, disse ao Supervisor:
– Senhor, nunca esquecerei a valiosa lição que hoje me ensinou. Muitíssimo obrigada!!!

O tempo passou. O Supervisor voltou à escola e procurou pela professora. A encontrou novamente encolhida atrás de seu escritório, os alunos, outra vez, em  desordem total.
– Mas, professora, o que houve? Lembra-se de mim?                                 
– Mas é claro, como poderia esquecê-lo? Que sorte que o senhor voltou! Não encontro a rolha. Onde a deixou?                               


Quando alguém não tem vocação para aquilo que deve realizar, nunca irá encontrar a rolha!

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