Simples sinais

Tesouro escondido, Tissot
Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus. Mas ele desapareceu. Lucas 24.30-31

Um pouco antes desse acontecido, em Lc 16.8, Jesus disse que os filhos das trevas são mais astutos que os filhos da luz, isso na tradução de Almeida. Talvez hoje não os chamassem de astutos, mas sim de mais adaptados às circunstâncias da vida ou, quem sabe, mais atentos e que melhor elucidam os sinais dos tempos.

Eu tenho cá as minhas dúvidas se já houve antes da nossa uma geração que mais tenha se esmerado em tornar fato concreto esta profecia do Mestre. Não posso crer que já tenha existido uma igreja que tão erradamente interpretou o mundo e os acontecimentos à sua volta quanto a que temos hoje. Um exemplo vivo dessa declaração é uma foto que Facebook tem mostrado do reverendo Augustus Nicodemus que supostamente teria acrescentado uma legenda mais ou menos assim: Tem crente que vê o Diabo na Coca-Cola, na maionese, nos desenhos animados. Só não consegue ver o Diabo usando falsos profetas pregando heresias dentro das igrejas.

O pior de tudo isso é ter que entender que a realidade em a igreja deve se ajustar é justamente aquela mostrada nos pequenos e singelos sinais e não se deixar levar pelas evidências por mais espetaculares que elas sejam. Para nós, um dos grandes exemplos deve ser o nosso texto bíblico de hoje, que narra o diálogo de Jesus com os caminhantes de Emaús. Tudo dava a entender que aqueles dois só prestaram atenção às promessas de Jesus que lhes interessavam mais diretamente, como a restauração de Israel sob o domínio romano, mas não deram qualquer importância aos sinais que as Escrituras afirmavam serem essenciais. Eles estavam tristes porque todas as evidências indicavam uma derrota fragorosa do evangelho, mas para eles a situação mudou quando Jesus com um simples gesto de partir o pão os fez ver o poder de Deus a despeito de tudo que se mostrava contrário.

Quanto à segunda vinda de Cristo, também existe todo um acumulado de besteiras que vem se proliferando. Contra todo ensinamento bíblico conseguimos enxergar nos acontecimentos iníquos do mundo e do nosso cotidiano não oportunidades claras de confrontação com a Palavra de Deus, mas como uma bênção que anuncia que a chegada de Jesus e seu reino de glória está prestes.

Ainda não contei a quantidade de cabeças que elas têm, mas ao que parece, as bestas que emergem da política nacional, estejam de que lado estiverem, encontram mais militantes fiéis e dispostos a morrer por elas no meio evangélico do que em qualquer outro segmento da sociedade. Para dizer a verdade, eu nunca vi tantos pastores envolvidos em uma adversidade quanto os que vejo se declarem de Dilma ou de Aécio. Nem mesmo o tsunami da Ásia conseguiu levar tantos crentes em suas águas avassaladoras.

Tem alguma coisa muito errada na nossa maneira de ser cristão hoje. Jesus disse que seu reino não era desse mundo, está certo, mas ele também deixou bem claro a Pilatos quem é que estava no controle desse mundo. Quando Pilatos lhe disse que tinha autoridade para soltá-lo, Jesus imediatamente o contestou: — O senhor só tem autoridade sobre mim porque ela lhe foi dada por Deus (Jo 19.11). Se existe alguém que pode nos livrar desse mar de lama esse alguém não está em Brasília, mas pode ser encontrado nas páginas da boa e velha Bíblia e invocado na mais simples e sincera oração. Simples assim.

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