Páscoa, o ultimado de Deus

Peshat, autor não identificado
Já vestidos, calçados e segurando o bastão, comam depressa o animal. Esta é a Páscoa de Deus, o Senhor. Nessa noite eu passarei pela terra do Egito e matarei todos os primeiros filhos, tanto das pessoas como dos animais. E castigarei todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. Ex 12.11

Os ritos de preparação celebração da Páscoa, tanto judaica como a cristã, são tomados por um clima de apreensão que é propício para nos trazer à lembrança dois implacáveis juízos que Deus exerceu na história da humanidade. Um deles por Israel, o outro sobre Israel. E é de suma importância que nos lembremos com frequência e exatidão dos motivos que ocasionaram cada um deles, daí o mandamento rigoroso de Deus quanto à sua forma de celebração e do seu conteúdo quanto à expectativa dos celebrantes.

Não pensem que estou me referindo aos autos que encenam à Páscoa, que embora belos e artisticamente trabalhados, mais servem para o exercício de uma piedade fora de hora e de contexto do que propriamente para a mensagem que a passagem de Deus sobre a Terra quer nos fazer entender. Ou seja, serve para que sintamos pena de Jesus e não para o que reflitamos no seu sacrifício e no que este desafia a nossa vida, principalmente no aspecto social, pois a Páscoa é uma celebração do povo.

Ainda esta semana, quando postei uma famosa frase de João Calvino sobre o juízo que Deus estaria trazendo sobre o nosso país (link), surgiu um rumor de que se o pensamento de Calvino fosse um fato, tanto o Brasil quanto às demais nações estariam sobre o juízo Deus há muito tempo, o que não deixa de ser verdade, mas não toda a verdade.

O juízo de Deus é exercido com frequência e pesa tanto sobre a nossa consciência que nos sentimos constantemente em pecado e, em virtude desse sentimento, estamos sempre em busca do seu perdão. Essa, segundo declarou o próprio Jesus, é das funções suas atribuições principais: João 16.8 - Quando o Auxiliador vier, ele convencerá as pessoas do mundo de que elas têm uma ideia errada a respeito do pecado e do que é direito e justo e também do julgamento de Deus. 

Contudo, o juízo a que se referem às celebrações distintas da Páscoa não objetivam atingir estritamente a consciência individual e sim coletiva. Não tratam do pecado pessoal e sim do mal institucional. Não tratam das coisas que fazem mal aos nossos corações e sim das que tem oprimido sob o tacão da injustiça os pequeninos do Senhor.

Trazer à lembrança aquela que foi uma fuga apressada e sem muita preparação e nos lembrarmos de um corpo que foi moído e de um sangue que foi derramado não pode significar outra coisa senão o alerta máximo para nos preparar para o fato de que Deus está prestes a passar novamente. E não falo aqui de segunda vinda não. Falo que iniquidades que, apesar de alarmantes e visivelmente presentes estão escapando da nossa visão profética e do conteúdo das nossas pregações.

Continuamos discutindo se é República ou Império; se é Getúlio Vargas ou Carlos Lacerda; se é Jânio Quadros ou se é Henrique Teixeira Lott, mas o âmago da questão continua intacto e prevalecente.

Se Deus está trazendo juízo sobre o reino da Dinamarca ou da Suécia não eu não sei, mas eu canto com muito entusiasmo o hino que diz: Maravilhas grandiosas / outros povos têm / bênçãos venham semelhantes / sobre nós também

A Páscoa no adverte que o juízo de Deus é uma moeda de duas faces. Serve para redimir quem está sendo oprimido, como foi o caso a primeira Páscoa. Mas que serve também para punir os iníquos, sejam eles ativos, passivos ou aqueles que possuem um grande potencial para exercer a iniquidade, como os primogênitos do Egito.

Mais uma coisa a ser lembrada: o juízo não vem somente sobre as pessoas, mas também sobre animais, sobre as instituições e mais ainda sobre os falsos deuses da opressão. Não pensem que a igreja ficará incólume como mera espectadora quando o juízo se concretizar. Disse Jesus: Quem não é a meu favor é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar está espalhando (Mt 12.30).

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