Showmissa e showculto

Teologia do tombo
Texto de João Wesley Dornellas em novembro de 1999, quando ainda havia tempo de se fazer alguma coisa.

Estamos vivendo um tempo de grande violência em nossa sociedade. O jornalista Alberto Dines, em seu artigo de ontem no JB, contrasta a grande concentração religiosa do dia de Finados, uma opção pela vida e a tragédia do cinema em São Paulo no dia seguinte, que seria uma opção pela morte. É claro que ele não relaciona os dois fatos ao consagrar a expressão "showmissa", que é o que está acontecendo também em nossas igrejas em cultos que poderiam ser chamados de "showculto".

Para mim, no entanto, as coisas podem ter uma relação. O chamado movimento carismático, seja o do lado protestante, com ênfase num Espírito Santo que, ao contrário do expresso em João 16:12-15, é bem superior às outras pessoas da Trindade, o Pai e o Filho, seja no católico, que é totalmente devotado a Maria, como se viu não só no Maracanã (Dia de N. S. Aparecida) como também em Santo Amaro-SP.

O que há em comum aos movimentos carismáticos católicos e protestantes é a profunda alienação social, a religião que deve ser "mudança de vida", isto é, mudança de mente (metanoia) transforma-se em show, em uma espécie de louvor sem consequências. É por isto que, com muita sabedoria, o Agamenon, de O GLOBO, há dois domingos fazia uma das maiores críticas a essa "fast religion", que cria "igrejas de conveniência", artigo humorístico que precisa ser levado a sério, uma crítica que é exatamente aquilo que estou falando. Comentando a concentração do Maracanã, ele dizia o placar do jogo: " Movimento Carismático 5 X 0 Teologia da libertação" . E tem sempre uns engraçadinhos - a mídia por exemplo - fãzoca do Padre Marcelo, que diz que esses movimentos são o ressurgimento da religião.

A religião católica é muito mais representada por Helder Câmara do que por esses adeptos do showmissa. Aliás, por falar em Helder Câmara, os "sites" noticiosos da Igreja Metodista dos Estados Unidos na Internet é valorizaram muito a pessoa de Don Helder. Citaram com grande ênfase uma de suas frases: "quando eu dou comida aos pobres, dizem que sou um santo: quando eu critico aqueles que não permitem que os pobres comam, me chamam de comunista". No Brasil os protestantes não dera a menor "bola" para o grande cristão. Nem para mencionar sua luta contra a ditadura militar nem o fato de ter sido paraninfo da turma de 1967 de nossa Faculdade de Teologia, uma experiência inesquecível.

ENAVI – Encontro Nacional de Avivamento
Leio no Expositor de novembro que o novo encontro será no '' Rio de Janeiro, possivelmente no Maracanãzinho, em setembro de 2000. O pessoal que o está organizando não está interessado no genuíno avivamento metodista mas em outra coisa. O que se lê é que o principal preletor participante é um pastor de uma igreja pentecostal de São Paulo.

A Igreja Metodista esteve sempre na vanguarda do genuíno avivamento. Agora, em virtude da insensatez desse grupo, que o bispo Lockmann declara ser hegemônico, nós realmente estamos na rabeira. Assim, não dá.

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