Martírio de São Paulo, Guercino |
Texto do rev. Jonas Rezende.
É triste quando perdemos a confiança na justiça dos homens. Rui Barbosa, em sua Oração aos Moços, fala de uma situação social onde os valores são subvertidos de tal forma que o homem chega a sentir vergonha de ser honesto.
E triste não confiar na justiça humana, mas é trágico quando descremos da justiça divina. A vida perde, então, qualquer significado. Nossos sonhos e ideais esbarram na ausência de sentido e de futuro.
Você não acha que, nesse aspecto, é fácil entender a alegria do Salmista quando expressa a sua certeza de que Deus “julgará o mundo com justiça”? Isto é, o homem, a História e o próprio Universo não escapam da ação ética de Deus.
Mas note bem: pensar como o Salmista não é descansar na ação divina e abandonar a luta por um mundo melhor. Não é também responsabilizar a Deus pelos erros e equívocos que são nossos. Pelo contrário. O Salmista, poeta do Eterno, consegue enxergar mais longe porque vive a perspectiva da esperança.
Creio que o exemplo que vou dar pode esclarecer ainda mais a ideia central do presente texto, que reparto agora com você.
Quando Paulo de Tarso foi condenado à morte no tribunal do depravado Nero, tudo parecia indicar o esmagamento da virtude pelo vício, e que a justiça não passava de uma palavra sem força ou ressonância.
Passam, no entanto, menos de dois mil anos — o que é um tempo insignificante à luz da História. E, ainda que não tenhamos uma dimensão particular de fé, precisamos reconhecer que a justiça termina por estabelecer-se. Esta a razão porque hoje colocamos o nome de Paulo em nossos filhos, e de Nero em nossos cães.
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