Avaliação Pastoral

Somos Igreja, El Catolicismo

Texto de João Wesley Dornellas.

A Igreja, reunida em concilio local, participou há dois domingos do novo processo de avaliação pastoral, aprovando relatório que veio da CLAM (Coordenação Local de Ação Missionária) que, por sua vez, tinha sido preparado por um grupo de trabalho. A avaliação de desempenho é uma ferramenta bastante útil em qualquer ramo da atividade humana. Não há empresa que se preze que não tenha um sistema de avaliação de todo o pessoal que trabalha para ela. Hoje em dia, até os fornecedores são continuamente avaliados.

Há, no entanto, algumas coisas que devem ser preservadas em todo o processo, isto é, o ser humano. Daí que a grande maioria dos sistemas de avaliação é baseada na menor divulgação possível dos resultados da avaliação. São informações que devem ficar restritas a um grupo muito pequeno. Uma outra coisa muito comum em todos esses sistemas é que a ferramenta inicial é a autoavaliação de desempenho, confrontado pelas metas estabelecidas na avaliação anterior, o que, parece, não existe no nosso sistema. O objetivo da avaliação não pode ser punir, mas aperfeiçoar quem e avaliado.

Infelizmente, os processos que têm sido estabelecidos pela Igreja não objetivam isto prioritariamente. Na realidade, o que está por trás de tudo é se o pastor (ou pastores) devem continuar na igreja ou serem removidos. Por isto, o processo só é desfechado nas vésperas do concilio regional.

Assim, não funciona. Na realidade, a avaliação deveria ser permanente e isto é tarefa para a CLAM. Eu creio também que o sistema de levar a íntegra desses relatórios de avaliação para o plenário do concilio local é errado. Cria constrangimentos, fere sensibilidades, divide pessoas e transforma tudo numa disputa pelo poder, fomentando divisão na igreja local. Pessoas, com motivos ou não, insatisfeitas com um dos pastores ou com todos eles, usam essa possibilidade como ferramenta de luta por seus próprios interesses. Numa época de grande falta de fidelidade às doutrinas e práticas metodistas, essas avaliações dão oportunidade para que grupos as manipulem de acordo com suas ideias religiosas.

Sabiamente, durante muitos anos, nossa igreja de Vila Isabel recusou-se a participar desse processo, por considerá-lo inadequado. Na realidade, deveríamos criar todo um sistema de avaliação permanente, não só dos pastores como dos funcionários da igreja e das pessoas que estão exercendo cargos. Outra coisa também é que a igreja local precisa também ser avaliada. Principalmente, em relação ao seu Plano de Ação. Uma coisa é certa, não podemos deixar tudo nas mãos dos pastores. Os leigos têm que fazer a sua parte. Um dia desses, quando alguém reclamou da falta de visitação por parte de um dos nossos pastores, eu lhe perguntei se ele tem normalmente visitado, ou telefonado para irmãos em dificuldades de saúde, de solidão, de falta de emprego ou perda de entes queridos. Será que é tudo função dos pastores? O conselho que a Bíblia nos dá está no capítulo 25 de Mateus.

Uma outra coisa com relação àquela sessão do Concilio o número de pastores. Eu não concordo com o sistema que existe nos últimos doze anos, isto é, a entrada indiscriminada de obreiros leigos ou de ex-pastores de outras igrejas sem fundamentação metodista no pastorado da Igreja Metodista. Hoje temos pastores em demasia e normalmente a grande maioria não está preparada para o ministério pastoral, tanto do ponto de vista espiritual como do cultural e doutrinário. Muitos têm achegado ao pastorado movidos pelo desejo de um emprego que, mesmo não sendo de marajá, é estável e seguro. Como o número de pastores é grande, o bispo precisa dividi-los entre as igrejas. No caso de Vila Isabel, que é uma igreja que, parece-me (e oxalá eu esteja enganado), não é muito querida do nosso bispo, parece que a determinação de termos cinco pastores é mais um castigo do que qualquer outra coisa. Para mim, quatro pastores ainda é muito. Temos praticamente o mesmo número de membros dos tempos dos Reverendos Baggio, Godinho, Arcendino e Ferdinando. O aumento do número de pastores não representou avanço da obra. O trabalho do Lins é uma exceção e ele decorreu muito mais devido à insistência dos leigos do que à diligência dos pastores. E houve até alguns que passaram por aqui e praticamente nem se deram ao trabalho de ir lá para ver como é que era. 

Para fazermos justiça, temos que dizer que o trabalho do Grajaú, apesar de eu achar que não é estratégico, preferindo um trabalho perto da Usina da Tijuca ou em São Cristóvão, que ele se deveu ao esforço e até uma certa obstinação do Rev. Ronan. Não creio que o bispo atenda o nosso pedido acreditando até que ele aumente para seis. E para terminar este assunto, eu creio que deveríamos ter três pastores somente e com uma clara delimitação das funções de cada um. Um deles seria para o Lins com uma meta de, a curto prazo, transformá-lo em igreja independente.

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