O mediador

Jesus Cristo Mediador, autor não identificado
Por favor, perdoa o pecado deles! Porém, se não quiseres perdoar, então tira o meu nome do teu livro, onde escreveste os nomes dos que são teus. Êxodo 32.32

O texto do Êxodo 32 que serviu de base para a meditação de domingo, segunda e terças passados não é de forma alguma é uma leitura pesada que mostra apenas o lado negativo dos primeiros cultos que os hebreus prestaram a Deus após a sua saída do Egito. Ele fala também de uma figura que é de estrema importância para a nossa fé. Fala de uma figura que está escondida nas entrelinhas, mas que é fundamental no Antigo Testamento, e é imprescindível no Novo Testamento. A figura do mediador. Prestem atenção ao que Moisés faz.

Ainda que completamente indignado, ele não somente intercede pelo povo, mas se coloca em seu lugar para receber a punição. Leiam novamente o versículo 32: Por favor, perdoa o pecado deles! Porém, se não quiseres perdoar, então tira o meu nome do teu livro, onde escreveste os nomes dos que são teus. Bom, mas antes de tirarmos alguma conclusão vamos guardar as devidas proporções. Embora pareça que Moisés a avó que se mete na frente do neto para tomar a chinelada do pai, não é bem assim que nós devemos entender este texto, não é? Não é a ira de um Deus completamente transtornado sendo contida por Moisés, assim como não é Jesus suavizando o coração de Deus. O que acontece aqui é uma prova de conduta moral. Deus estava querendo saber quem de fato era Moisés. Se ele era um papagaio de pirata ou um líder por excelência.

Eu fico aqui tentando imaginar o orgulho que Deus teve desse seu filho, assim como teve de Abraão quando este intercedeu por Sodoma e Gomorra. São esses os únicos critérios que Deus se permite ser confrontado. Critérios de amor, de verdade e de justiça. Vejam como as interpelações são semelhantes. Abraão disse: Como não fará justiça o juiz de toda a terra? Moisés: Por que se acende, SENHOR, a tua ira contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande fortaleza e poderosa mão? O que vão dizer os egípcios?

A releitura a partir desses dados é importante porque nos dá a dimensão exata do plano de salvação de Deus, que não sofreu uma série de remendos ao longo da história, mas um plano que vem sendo elaborado com critério e cuidados que somente essas luzes podem nos esclarecer.

Outra confusão que se faz costumeiramente neste texto é com respeito ao verbo arrepender: Então, se arrependeu o SENHOR do mal que dissera havia de fazer ao povo. Verso 14. Mas nós sabemos bem que esta ideia conflita diretamente com o texto de Nm 23.19, que virou até música: Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. E agora, como nós vamos dormir com essa?

O hebraico tem duas palavras que foram traduzidas igualmente por arrepender-se. Uma é LASHÚv, que significa decadência moral, repugnância do próprio ser. Esse é o arrependimento por uma falta grave. Não tem nada a ver com a outra palavra que é LÊNAHÊMM, que significa mudar de pensamento, pensar melhor. É Deus dizendo assim: eu ia acabar com a raça daquele pastorzinho Sergio, mas vou dar a ele uma prorrogação, pra ver se ele deixa de colocar minhoca na cabeça do meu povo.

A despeito da insistente propensão do povo hebreu ao erro, à idolatria e aos arranjos que contrariam prescrições definitivas, Deus já havia preparado alguém que representasse esse povo em um tribunal que lhe era visivelmente adverso. Um mediador que tiraria água de pedra não apenas no sentido literal, mas para que aquele povo que foi escolhido sem qualquer mérito começasse a entender o que Deus esperaria dele no contato com as pessoas de outros povos.

Eu não fui chamado para ser o mediador entre o meu próximo e Deus. Esta mediação é realizada exclusivamente por Jesus Cristo, mas eu sou intimado a mostrar os efeitos concretos que esta mediação causou em minha vida. É que Paulo diz em Rm 5.10: Nós éramos inimigos de Deus, mas ele nos tornou seus amigos por meio da morte do seu Filho. E, agora que somos amigos de Deus, é mais certo ainda que seremos salvos pela vida de Cristo. E não somente isso, mas também nós nos alegramos por causa daquilo que Deus fez por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, que agora nos tornou amigos de Deus.

Mas do que servos submissos e achatados por um poder além do imaginado, Deus nos quer como amigos, e ele já deu o primeiro passo, enviando um mediador que tem a capacidade de tornar os nossos cultos falhos no verdadeiro louvor agradável a Deus.

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