Para você, que é o Universo?

 Reina o SENHOR. Revestiu-se de majestade; de poder se revestiu o SENHOR e se cingiu. Firmou o mundo, que não vacila. Salmo 93
O Universo pelas lentes do Hubble
Texto do Rev. Jonas Rezende
Ainda que eu vivesse mil anos, não esqueceria o que eu considero um dos meus mais queridos cartões postais. Minha mãe deslizava silenciosa pelo quarto, os passos abafados pelos antigos chinelos de lã. Sem ouvir nada e mesmo sem abrir os olhos, eu sabia que ela estava perto, pois sentia o seu perfume suave e percebia a leve inclinação da cama quando ela se assentava. Só então os meus olhos penetravam no azul-escuro dos olhos dela. Como era bonita a minha mãe! Arranjava, com mãos elétricas, as cobertas cheirosas de sol sobre o meu corpo magro. E o seu perfume ficava mais forte quando o rosto dela se aproximava para o beijo de boa-noite. Mas ela continuava ali, as mãos buliçosas localizando com familiaridade um texto da Bíblia, quase sempre um salmo. E a sua voz tornava doces e ternos mesmo os salmos imprecatórios. E parecia tatuar aqueles poemas no meu coração.


Emoção bela e quente como o ouro em brasa... Certa noite, ela leu duas vezes o curto salmo 93: o Senhor firmou o mundo que não vacila. Depois murmurou, nem sei por quê: gostaria que esse salmo tivesse sido escrito por Davi, mas a autoria foi omitida na Bíblia. Seria o homem tão modesto assim ou é salmo de uma mulher? E disse, quando se levantava, depois de me abençoar: Deus firmou o mundo, que não vacila; o mundo é o nosso lar construído sobre a rocha do amor divino... Depois de muitos anos, encontrei uma referência ao mundo semelhante à dela, em um livro do grande pregador Miguel Rizzo Jr.

Diz o pastor que perguntaram a Nietzsche por que preconizara um super-homem que só descarregava energia. E o filósofo respondeu: porque gosto de Zaratrusta. O super-homem de Nietzsche, afirmava o pastor, é filho do sentimento e não apenas da razão. O que de mais importante acumulamos através da vida vem do sentimento, ele dizia – e perguntava: como nós sentimos o Universo?

Não me lembro se a sua mensagem se embasava no salmo que estava diante de nós, mas ainda me são claras as respostas e os argumentos do pastor.

Alguns veem o mundo como uma grande máquina. É a ideia, sugerida no século passado, de que tudo se ajustava com perfeição. E, por isso, a Ciência desvendaria todos os mistérios dessa enorme máquina, quando entendesse as leis que regem os seus fenômenos.

Para outros, o mundo é uma espécie de orfanato. Ninguém acredita em ninguém, os relacionamentos não são verdadeiros, como se todos desenvolvessem uma atitude de autopiedade, pelo fato de que são órfãos, estrangeiros se esperança maior.

Ainda há os que sentem o mundo como um cemitério. Sua arte é de mausoléu. Omar Khayyam, co seu sentimento de transitoriedade e morte, é o poeta preferido. Comamos e bebamos porque amanhã morreremos – é a sua filosofia de vida.

Há, enfim, os que tem no mundo o seu lar. E o pastor parecia estar repetindo a minha mãe. Somos parte do Universo; o mundo não é nosso inimigo. São Francisco, melhor do que ninguém, sentiu assim, para dizer: irmão sol, irmã lua, irmão fogo, irmã terra, irmã morte.

Tem razão o salmista: o mundo não vacila.
Desde a eternidade está firme o trono do Senhor...
fidelíssemos são os seus testemunhos. E a nós convém
agradecer e preservar o nosso lar maior.
Empreender a busca do paraíso perdido.
E você, o que sente em relação ao Universo?

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