O que é REFEIÇÃO? II

Ilustração tirada de jesusmafa.com. Camarões
A alegria das refeições toma sentido e se torna verdadeira quando Deus está presente. Ele é o amigo que convida para a mesa íntima do lar, como Lázaro e para o banquete de núpcias, como em Caná. Mas ele também aceira o convite do fariseu Simão da mesma forma que aceita o silêncio como confissão da adúltera. Sem qualquer escrúpulo senta-se à mesa dos publicanos e come com as prostitutas. A sua presença é que confere às refeições o seu pleno valor. É a mesa o lugar de onde ele pronuncia a sua bênção, enfatiza a hospitalidade e recomenda a humildade e o cuidado para com os pobres.


Por si só, estes sinais já realizam os anúncios de alegria, perdão, salvação e abundância que se tornarão plenos nos tempos messiânicos. O mesmo Jesus que promoveu um banquete no deserto para mais de cinco mil esfomeados, anuncia a volta ao paraíso do Éden e a renovação dos milagres do êxodo. Através da Eucaristia, ele anuncia o maior banquete de todos os tempos, a festa eterna no Reino do seu Pai.

Nesta expectativa, repetimos o memorial da nova aliança selada no seu sangue. Em lugar do maná que deteriorava, ele serve o seu corpo como pão vivo que desceu dos céus como alimento para todo o mundo. Devemos repeti-lo sem, contudo, nos esquecermos do lavapés, que exprimiu simbolicamente a necessidade da humildade, do amor caridoso e da partilha como requisitos para que participemos dignamente da mesa do Senhor. Ainda é tempo de viver a Páscoa. No decurso até o Pentecostes, vamos nos lembrar de que o Ressuscitado está entre nós comendo peixe e partindo o pão na alegria da comunhão fraterna.

Paulo nos ensinou que a condição primordial para participarmos da Eucaristia é o exame da consciência, não para julgarmos a nós mesmos, mas para discernirmos o que Jesus fez para nos livrar deste julgamento. Paulo fala também da dupla dimensão da refeição sagrada: ela é uma refeição sacramental, pois o desejo ardente de tomá-la conosco parte unicamente da iniciativa de Jesus, mas quem quer que seja que coma deste pão e beba deste vinho se trona um com ele.

Por mais sacralizada que venha a ser, por mais que sintamos a presença de Jesus em nosso meio, e por maiores que sejam os benefícios com que ela nos agracia, ainda está onde se ser definitiva. Não passa de um pálido sinal de algo inconcebivelmente maior. Algo tão grande, que o próprio Jesus confessou desconhecer. Paulo, conhecedor profundo das limitações de Jesus quando encarnado, traz do passado a sentença final sobre o que há e sobre o que haverá: Como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. (I Co 2.9)

Agora, neste mesmo instante, é ele quem está à porta e bate. Se o deixarmos entrar, agora mesmo faremos uma refeição com ele e ele conosco. Mas estejamos certos de que também ele está do outro lado de braços abertos. É ele quem convida, é ele quem nos força a entrar, é ele quem nos servirá o vinho para bebermos juntamente com Abraão, Isaque e Jacó, com todos os santos e com o noivo em trajes núpcias. A única condição é aceitar, porque o preço já foi pago, ela é de graça. Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares. Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. (Is 55,1-2 e 6)

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