O poder do Facebook II

E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. I Coríntios 15.14ss
Pietá, William Blake em 1795
Eu seria omisso se não falasse que a história da igreja cristã registrou que houve um tempo em que alguns dos seus fiéis acreditavam piamente na reencarnação. Mas tenho que dizer também que essas pessoas não foram banidas da igreja por esse motivo, como muitos afirmam. Estava acontecendo algo muito mais sério e crucial para a existência idônea da igreja. O Império Romano exercia uma perseguição feroz e sanguinária contra todos os cristãos que se negavam a prestar culto ao imperador. Muitos foram exilados e outros foram mortos por observar a exigência de adorar apenas um único Deus.


Foi nesse clima de apreensão e medo que uma onda de gnosticismo invadiu a igreja. Ela veio anunciando que a paixão e morte de Cristo não foram pra valer, porque não encarnou de fato, ele era como um semideus grego, e sendo ele quase Deus não teria sofrido as dores e aflições que um mortal sofreria se estivesse em seu lugar. Tudo não havia passado de uma trama bem orquestrada para dar um início impactante ao movimento que Cristo veio anunciar.

Imaginem a perturbação que isso poderia causar a uma comunidade perseguida e sofrida. Se Cristo não sofreu, porque um seguidor seu teria que sofrer? Muito mais lógico e eficiente para a fé seria ter o seu seguidor vivo, mesmo que para isso ele precisasse enganar o imperador com uma falsa adoração aqui ou uma reverência ali. Assim todos poderiam viver uma vida dupla que seria o mais próximo possível do ideal cristão. Isso transformaria a fé cristã em uma seita bastante parecida com o Cristianismo, mas não seria fiel a Cristo.

Por essa razão Paulo confronta algumas pessoas da Igreja de Corinto que assim pensavam. Disse ele: E, se Cristo não (morreu e) ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé. Toda a pregação de Paulo que se fundamentava na cruz de Cristo seria vazia e sem propósito. Seria mais uma tendência religiosa entre as tantas outras que circulavam naquele tempo. Mas ainda não seria o pior.  Paulo diz que seria vã a sua pregação, e vã a vossa fé. Ou seja, a minha pregação até pode ser de algo bom e de útil, mas a importância da vossa fé é crucial. Se Cristo não ressuscitou vocês podem fazer o que bem entenderem e podem crer em qualquer coisa que não fará a menor diferença. Tem mais, se Cristo não ressuscitou vocês são os mais infelizes de todos os homens, porque estarão se sacrificando a toa, estarão perdendo as suas vidas por nada, sofrerão a violência Império Romano sem qualquer propósito.

A ressurreição de Cristo na história da igreja é o divisor de águas. Se ela não existiu de fato, comamos e bebamos porque amanhã morreremos, e a morte porá fim a todas as nossas esperanças e expectativas. Se Cristo não ressuscitou nós ainda estamos perdidos em nossos pecados e não há qualquer esperança para nós. Aí fatalmente vocês terão que acreditar em vocês mesmos. Acreditarão que pelos seus próprios esforços conseguirão alcançar um estado de consciência que os conduzirá a um novo estado de coisas. Terão sua fé depositada em que uma progressão natural da existência humana é possível e inescapável.

Isso não teria grandes problemas, isso é uma forma milenar de pensar e muita gente pensa assim, mas nós não seríamos igreja de Cristo. Isso também não nos faz melhores que ninguém e nem menos pecadores que os demais. Isso nos fará apenas seguidores de um movimento que não se fundamenta na razão pura ou muito menos na fé cega. Fará com que tenhamos a esperança de cantar segundo a letra de um hino antigo:

Onde estou? eu não sei
e nem sei onde estive
e nem onde estarei
mas eu sei que Ele vive!

E como sei que vive
O meu Senhor e Rei
Sei que com ele estive
E com ele estarei

Se há razão que motive
a paz, eis sua lei:
o meu Redentor vive
e eu também viverei!


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