Só não muda quem é preguiçoso.

Coro de pássaros, by Carson-Delloosa
Cantem ao SENHOR um cântico novo, cantem ao SENHOR, todas as terras. Cantem ao SENHOR, bendigam o seu nome; proclamem a sua salvação, dia após dia. Leiam Salmo 96
Texto do livro Salmos para o Espírito, publicado em 2002, gentilmente cedido pelo rev. Jonas Rezende.

O psicólogo Erik Erikson, em seu livro O jovem Lutero, fala de uma viajem que o reformador fez a Roma em 1510, quando tinha 27 anos. Na ocasião, Lutero escrevia um diário, o que facilita conhecer as suas experiências. O moço faz comentários sobre os antigos aquedutos e obras assistenciais, como hospitais e orfanatos, que eram mantidos pela Igreja. Sabemos de seus dramas íntimos, que ainda viriam à tona. Mas é interessante observar que o jovem chega a Roma num momento de transformação cultural que ficou conhecido como Renascimento. E esse movimento rico e revolucionário não é sentido por Lutero, que agia como um homem religioso típico da Idade Média. Talvez por isso a Reforma Protestante não tenha sido mais funda e radical. Restauração e não a revolução que gerasse o novo, em um mundo de mudanças absolutas.

À luz desse retalho histórico, quero ressaltar a importância do presente salmo, que abre com um imperativo: Cante ao Senhor um cântico novo. Diante dele, os ritos e repetições cansativas não tem maior valor. No livro do profeta Isaías, Deus chega a dizer que está farto das assembleias solenes, não as tolera mais. É preciso sensibilidade para cantar alguma coisa que saia quente e nova do coração. Não se trata de desprezar o passado, mas de saber que renovar, assim como navegar, é preciso.

Um cântico novo. Roupagens novas. Formas e conteúdos renovados. O terceiro milênio espera de nós, já nos primeiros passos do século XXI, disposição de abandonar o que está sendo requentado há muito tempo. E partir para o vinho novo, o remendo novo  ̶  expressões usadas por Jesus no Evangelho. Temos de nascer de novo cada dia, para reconstruir o novo céu e a nova terra da nossa utopia, tecida em parceria e por inspiração do nosso Deus.

Muita coisa já mudou, há vozes novas; um fermento divino está tumultuando de modo positivo diferentes áreas do nosso mundo  ̶ e não podemos ser inconsistentes como o jovem Lutero. Renascimento é coisa muito mais profunda e séria do que teses medievais. Sejam 95, 100 ou 1000.

O salmista nos convida: Digam entre as nações que o Senhor reina... alegrem-se os céus e a terra exulte... na presença do Senhor.

Os chamados profetas malditos nos ultrapassaram, como os renascentistas que deram fôlego ao terremoto com epicentro em Roma, estavam anos-luz à frente de Lutero. Não podemos nem devemos ficar em nossas capelas, enquanto a vida esta sendo plasmada por outros que desejam escrever a História sem Deus. Eles tem o seu lugar e cumprem com dignidade o seu papel. Mas o Cristo reprova a nos omissão: se vocês se calarem  ­̶  ele diz  ̶ , as próprias pedras clamarão.

Mas não nos calaremos nem cruzaremos os braços nem nos contentaremos com a herança que os pais nos legaram. Queremos agir como Deus age. Trabalhar como ele e Jesus fazem até agora. Ir em busca do tempo perdido. Olhar os que estão à margem e caminharmos com eles. Redimir os perdidos nas trevas da miséria e do desemprego, os sem-terra, os sem-corpo, os sem-alma. Não nos calaremos, ainda que nos ordenem. Não podemos nos calar diante do que vimos e ouvimos. Nós acatamos o imperativo de Deus. E queremos cantar um cântico novo.

Comece por repetir o cântico do salmista.

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