São Bartolomeu Apóstolo

Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. Então, exclamou Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! Ao que Jesus lhe respondeu: Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás. João 1.47ss
A dor esquisita de São Bartolomeu,
Damien Hirst (1965-)
O nome dele figura em apenas uma lista de discípulos dentre todas as narradas pelos evangelhos. No entanto, existem evidências fortes de se tratar de Nathanael, discípulo de João Batista. Ele é apresentado como um dos primeiros seguidores de Jesus, em termos que sugerem que ele se tornou um dos Doze. Ele claramente não é Pedro, André, Tiago, João, Filipe, Tomé, Judas Iscariotes, Judas o Iscariotes e também não é o chamado Lebbaeus ou Tadeu, os quais João nomeia separadamente. Ele não é Mateus, cujo chamado é descrito de forma diferente. Isso deixa-nos apenas Bartolomeu, Tiago, filho de Alfeu, e Simão zelote. Destes, Bartolomeu é o principal candidato pelas duas razões seguintes:
1- Bar-tholomeu é um apelido de família que significa filho de Tolmai ou Talmai. Portanto, é provável que ele tivesse outro nome. Um romance histórico judeu do primeiro século usa este apelido como um sinal de respeito para falar de um judeu significativamente mais velho. Natanael filho de Tolmai parece ser mais provável do que Nathanael também chamado de James.

2- Nathanael é introduzido na narrativa de João como um amigo de Filipe. Este Bartolomeu está emparelhado com Filipe em três das nossas quatro listas de Apóstolos em que os nomes deles aparecem associados.

Quanto ao seu destino,após a ressurreição de Cristo, também existem não mais que poucas evidências. Não temos, na realidade, qualquer informação sobre a vida posterior de Bartolomeu. Alguns escritores, incluindo o historiador Eusébio de Cesareia, dizem que ele iniciou a pregação do evangelho na Índia. A tradição da Igreja apresenta vários indícios que Bartolomeu foi missionário na Armênia. Seu ministério se encerrou quando foi finalmente esfolado vivo e decapitado em Albanópolis, no Mar Cáspio. Por isso é que o seu emblema na arte é uma faca de esfola. O esfolado Bartolomeu pode ser visto na pintura de Michelangelo, na Capela Sistina, retratado no Juízo Final. Ele está segurando firme a sua pele. O rosto na pele é geralmente considerado um autorretrato de Michelangelo.

Mas existe também a história que o próprio Jesus conta, sobre a qual não paira qualquer dúvida. Assim como Pedro, Tiago e João são reconhecidamente os mais próximos de Jesus, e que Judas era o discípulo mais confiável, por ser ele o tesoureiro do grupo, Bartolomeu era considerado como a reserva moral entre os Doze. Era ele o verdadeiro israelita, o mais fiel representante de tudo o que restou de bom do povo com quem foi firmada Antiga Aliança. Ele era também o bem aventurado do salmo 42 de Davi. Era ele o homem a quem Deus não atribuía iniquidade, pois ela já havia sido perdoada, e em cujo espírito não havia qualquer sinal de dolo.

Antes mesmos dos grandes pilares da Igreja nascente, foi Bartolomeu quem identificou a verdadeira face daquele rabi que de aparência tranquila, que estava reunindo um pequeno grupo para dar início a maior revolução que a história humana já presenciou. Mesmo sem ter maiores evidências, do fundo do seu coração saem as benditas palavras: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!

Quer tenha acontecido na Índia ou mesmo na Armênia, a narrativa bíblica deixou de registrar coisas estupendas realizadas por Bartolomeu em nome do evangelho. Maravilhas que só se revelaram aos olhos daquele que foi o primeiro a realmente crer que coisas maravilhosas estavam prestes a acontecer. Não há motivo algum para duvidarmos que essas coisas tenham de fato acontecido. Duvidamos sim, que o trágico fim deste santo da Igreja, tenha sido exatamente como ele gostaria que fosse. Porém, assim como Dietrich Bonhoeffer de olhos fitos na vida e a obra de São Bartolomeu, podemos ter duas certezas: Deus não faz tudo o que queremos, mas ele sempre cumpre as suas promessas. 

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